segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Abaixo, um texto do escritor português José Saramago, vale à pena ler e refletir!

“Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.
Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se?
 Foi apenas um empréstimo.”

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

FÉRIAS, para que tê-las ??

Tanto tempo sem escrever um post, parece até um recomeço... Engana-se quem acreditou que junto com as férias escolares, viessem as férias dos acontecimentos extraordinários, pelo contrário, são nas férias que  os pais tornam-se mais flexíveis e as crianças incansáveis, o que portanto, nos leva a crer que é nesse período que os conflitos familiares explodem, como verdadeiras cenas de novela, só que da vida real.
Em meados de junho, já se ouve conversas na porta das escolas de mães (me refiro no feminino, pois são elas que estão presentes em maior quantidade), preocupadas em como irão conciliar o tempo do trabalho com as férias dos filhos. Já ao final de junho, elas não mais estão preocupadas, agora, aparentam “descabeladas”, e o que antes era apenas cochicho, torna-se o acontecimento. A grande duvida é: O que fazer com nossas crianças por tanto tempo?
Não poderia deixar de fazer um link com o post passado, e lembrar que é óbvio que isso é o ponto de vista dos adultos, e que para as crianças, trinta dias são SÓ TRINTA DIAS!!
Para os pais que têm filhos pequenos, acham que é muito mais difícil do que àqueles que têm filhos adolescentes...o que continua sendo também uma questão de ponto de vista. Os pequenos, porque são muito dependentes, e os “grandes” porque são muito INdependentes...rs... só tendo um para entender!!
Mas vamos ao que interessa! Nessas férias, vi de TUDO! Vi pais educando filhos e filhos educando pais.  Presenciei cenas singelas, que só um observador cuidadoso poderia perceber, assim como cenas assustadoras que todos em volta olhavam e comentavam. A maioria dos acontecimentos foi no shopping, é claro! Afinal, passeio com criança resume-se em shopping e se possível, cinema. Como exemplo concreto, cito a estréia em julho do famoso Harry Potter, a segunda maior concentração de adultos e crianças por metro quadrado, porque a primeira foi no Mac Donalds!!
Junto com os passeios intermináveis fica a divisão de tarefas...um dia a mãe que faz a programação, outro dia o pai, e no outro, a mãe do coleguinha da escola que também compartilha do mesmo problema... e assim, o rodízio vai acontecendo até a volta às aulas!
Mas por que será que essa época do ano causa tanto conflito nas famílias?? A resposta é clara... Os pais não estão acostumados a passar tanto tempo com seus filhos, seja por opção ou por falta dela, e a partir disso, surgem as dificuldades.  O equilíbrio se re-estabelece com o amanhecer do primeiro dia de agosto, ficando aos pais, a pergunta que sufoca: Férias, para que tê-las??

domingo, 10 de julho de 2011

Questão de ponto de vista

     Às vezes me pergunto o motivo pelo qual sou apaixonada por trabalhar em escola, e a resposta não demora a aparecer, sou reforçada diariamente por acontecimentos extraordinários. Talvez para uma pessoa pouco observadora, os momentos inusitados que relato nesse blog, passariam despercebidos, mas confesso que é desses pequenos momentos que faz do meu trabalho algo tão apaixonante.
     Apenas para seu conhecimento leitor, esse “post” conta uma história aparentemente louca se nós adultos por ventura, fizéssemos uma análise, porém com uma pitada de humor e vinda de crianças, torna-se o conto de hoje no mínimo interessante.
    Embora saibamos da imaginação dos nossos pequenos, é difícil acreditar, mas ainda nos surpreendemos com a convicção das crianças, e por uma fração de segundos passamos até duvidar da nossa certeza...confuso né?? Mas vou explicar...
    Cheguei em uma sala de alunos com idade aproximada dos três anos, fizemos uma roda e pedi que cada um fosse falando seu nome. Embora a ansiedade possa ter tomado conta de alguns que não conseguiram esperar a sua vez, a maioria deles cumpriu o combinado... um por vez ia dizendo seu nome...eu sou o João, eu sou a Maria, eu sou a Duda...assim por diante.Quando estávamos quase no final, chegou a vez do último menino, ele era todo comportado, esperou incansavelmente observando com atenção todos os outros colegas da sala, e quando eu perguntei a ele, como era seu nome,  ele me disse: - Eu sou o Batman! Claro que não consegui segurar o riso, e ainda sorrindo, comentei que achava legal ele gostar do Batman, mas que eu estava realmente interessada em saber qual era seu nome verdadeiro... e mais uma vez ele me disse: - Batman!. Olhei para as outras crianças, com o intuito de que elas pudessem me ajudar a explicar ao colega deles o que eu realmente queria saber, mas percebi que a sala como um todo estava me olhando, esperando que eu desse continuidade a atividade que iria ser realizada, e foi nesse segundo, em que a convicção era tanta, que quase acreditei naquela criança, mas rapidamente percebi que ia além disso, percebi que naquela situação apenas eu não havia entendido o que todas as outras crianças puderam perceber: que o “Batman”, não queria mais nada naquele momento além da certeza de ser um super-heroi, e que para mim poderia parecer até loucura, mas para todo o grupo era normal e mais do que isso, em nenhum momento duvidaram ou até mesmo questionaram, afinal, para eles, qual problema teria em ser simplesmente o Batman??!! Portanto, naquela hora descobri que tudo tem seu sentido, depende apenas do ponto de vista.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cada um no seu quadrado!

Antigamente os pais deixavam seus filhos nas escolas, confiando que o trabalho seria feito, sem interferir ou mesmo julgar como a escola deveria fazer. E hoje, o que vemos acontecer? Hoje, infelizmente os pais julgam, interferem e digo mais, se portam de maneira audaciosa achando que podem por que pagam (frase constante nas reuniões com a coordenadora), dar palpites, ou melhor, “exigir” que a escola mude determinadas regras, atitudes e até maneiras de ensinar.
Quando um pai resolve colocar seu filho em uma escola, ele procura todas as possíveis instituições de ensino, minuciosamente ele se atenta aos detalhes e após uma maratona de visitas, ele opta por aquela que apresentou a ele maior confiança, que cabe no bolso e de preferência que ofereça dezenas de atividades extra curricular. Como sabemos, devido ao modo de vida (já discutido em outro artigo), cada vez mais a grande maioria das crianças começam a freqüentar escolas desde o berçário, portanto por volta dos seis meses, o que de certa forma, os responsáveis pelas crianças tornam-se mais exigentes. Mas como tem sido o comportamento desses pais diante da escola?
Vejo todos os dias, muitos deles freqüentando as instituições fora do horário de reuniões, por um simples motivo: Fazer reclamações!.Muitas vezes fico me perguntando, será que eles têm tempo de sobra? Se tiverem, por favor, me digam COMO!! Mas do que esses pais tanto reclamam? Será que eles tomaram a decisão errada na escolha da escola ideal para seus filhos? Ou será que eles estão dando palpite onde provavelmente não deveriam? Embora as duas respostas possam ter seu fundo de verdade, vou optar pela segunda, e é claro, esclarecer  minha opinião.
As crianças estão na escola para aprender, instituições sérias, promovem trabalhos competentes, isso significa que os pais não precisam “sugerir” melhores maneiras da escola fazer o seu trabalho. Como diz uma música que embora não tenha conteúdo nenhum, se encaixa perfeitamente ...“cada um no seu quadrado!”. Vale lembrar que a escola educa a criança para o espaço público, ou seja, é lá que se trabalha o coletivo e, portanto, não cabe aos pais exigirem mudanças baseadas apenas no que seria melhor para seu filho. Pensem nisso!!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Você tem tempo de quê?

     Faz um bom tempo que o que mais ouço em meu consultório são mães reclamando de seus filhos. O que antes era comum por volta dos 13 anos, ou seja, início da adolescência, hoje as reclamações nascem praticamente no parto! O que será que tem acontecido?
    Poderíamos elencar uma série de atitudes comprometedoras. Entre elas a nossa agenda cheia, e, portanto falta de tempo com certeza se encontra em primeiro lugar!
    Mas a vida moderna não nos permite ter tempo pra nada, mesmo com tarefas acumuladas continuamos “fazendo encaixes” como se “fôssemos médicos”.  São tantos compromissos que com certeza não damos conta de todos, mas mesmo assim vamos acrescentando tarefas no decorrer da semana, e ao final dela percebemos que estamos exaustos!
   Agora, imaginem a mesma cena, só que com os nossos filhos! É difícil aceitar, mas fazemos isso com as nossas crianças! Enchemos suas agendas de aulas de tudo quanto é espécie... aulas de balé, judô, inglês, kumon, natação, música, violão... assim por diante. Mas, o que fazem com tantas habilidades? Fazem manha, fazem birra, fazem tudo, menos o que a gente espera! E por que isso tem acontecido? O que deixamos para trás? A resposta não poderia ser outra...falta tempo! Falta tempo para conviver com nossas crianças, para aprender com elas a simplicidade da vida, pois elas sempre nos mostram que em pequenos gestos (um sorriso, um carinho, um abraço) temos grandes aprendizados. Falta tempo para que a gente possa ensiná-las que a vida não é só de fantasias, que não podemos ter tudo que queremos, ensiná-las a terem limites e se preocuparem com quem está a sua volta. Falta tempo para as relações! Não me refiro as relações entre namorados, casados...mas sim entre pais e filhos, pois é dessa relação que a criança se transforma, amadurece e  nos mostra o quanto são capazes de reproduzir tudo que nós adultos somos capazes de ensinar!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Qual é o seu papel?

Infelizmente hoje não contarei nenhuma história engraçada de criança, isso porque sinto a necessidade de utilizar meu blog para alertar pais que possivelmente acreditam que estão fazendo o melhor que podem na educação de seus filhos, mas que não percebem a falha que cometem em muitas situações.
Segue abaixo minha análise de alguns momentos onde o amor incondicional faz com que adultos, submetam-se a papeis trocados perante seus filhos.
Outro dia estava em uma loja infantil e me deparei com uma situação muito convencional nos dias de hoje...filhos, mandando em seus pais. Um menino, com idade aparente de dois anos estava FURIOSO, IRRITADO e AGRESSIVO, chorava muito dentro da loja, chamando a atenção de todos, inclusive a minha. O estado emocional da criança beirava a um verdadeiro “ataque de nervos”, isso tudo porque a criança queria um sapato que não era a opção dos seus pais. Observando de longe, percebi que a vendedora tentava acalmá-lo, mostrando inúmeras opções de descontração, entre elas bexigas e brinquedos, mas nada continha aquela criança. Por sua vez seus pais, que mal conseguiram colocar o sapato no filho e, não preciso nem dizer que também não conseguiram fazer com que a criança se acalmasse e voltasse ao seu estado “normal”, pelo contrário, quando eles se dirigiam à criança, ela dava socos e pontapés e eles se olhavam e não tomavam atitude alguma. O ponto final dessa história foi quando a vendedora tentou conversar (pela milésima vez) com a criança e diante do seu ataque de fúria, o menino “pulou” na funcionária tentando dar-lhe um tapa. Qual foi a atitude dos pais? Após uma chamada de atenção singela, pegaram o produto que o filho tanto queria, pagaram, pediram desculpas à vendedora, a criança parou de chorar, e os pais com a cabeça baixa, saíram da loja.  Essa cena durou eternos dez minutos, todos na loja pareciam exaustos e apreensivos, e eu, claro, inconformada. Diante disso, fiquei pensando em quantas possibilidades teriam para que nesse caso, cada um fizesse seu papel. O papel da criança é testar, dos pais, educar. O que faria você leitor? Iria embora e não comprava nada? Comprava o que você julgasse ser melhor para seu filho? Ou teria a mesma atitude do casal citado acima? Talvez, analisando a situação friamente, você teria um comportamento mais adequado do que os pais da história, mas se você buscar em sua memória, provavelmente já tenha feito algo semelhante. Não precisamos ser a super nanny para encontrar o maior erro nessa situação: pais sem autoridade que não sabem dizer não aos seus filhos. E qual é o resultado disso? Filhos que transgridem regras, que não aceitam ser frustrados e que, portanto nunca estarão preparados para serem autônomos, ou seja, donos de suas próprias vidas, com atitudes responsáveis e maduras.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Genial

Começo essa história já pelo título, uma das definições dessa palavra encontrada no dicionário é: “Próprio de um gênio”, o que nomeia com precisão o pensamento do meu personagem principal do conto de hoje. Notem que qualifiquei a história de outra forma, pelo simples fato que dessa vez, infelizmente, não presenciei o acontecido, estou relatando aqui, uma história que ouvi dizer, embora eu conheça o garoto GENIAL, afinal ele faz parte das 450 crianças diferentes que dou aula.
Pedro (confesso que me esforcei para não colocar um nome composto tipo... Pedro Gênio) é um “moleque” com todas as letras, BRINCA, BRIGA e BAGUNÇA, ou seja, um “capetinha” de plantão. Na mesma sala que ele, encontra-se Duda, aquela menina certinha, meiga, linda, doce que toda professora se apaixona. Por incrível que pareça, as duas crianças se adoram.  Duda é a única na sala que consegue fazer com que Pedro faça a atividade ou que ele se controle em momentos de peraltice. Por sua vez, Pedro faz com que Duda seja a única criança que ele se esforça para não magoá-la.
Pois bem, não preciso nem dizer que, os pais de Pedro já foram chamados inúmeras vezes na escola para ouvir da coordenação todas as molecagens que ele diariamente pratica, embora nunca seja novidade, afinal Pedro não tem dupla personalidade e por isso, seus pais o conhecem muito bem, provavelmente melhor do que a escola. Diante do dilema: “Como educar meu filho?”, que provavelmente seja uma questão que todos os pais “normais” se preocupam, o pai de Pedro estava tentando (acredito que ele continua tentando) encontrar uma maneira que fizesse com que seu filho entendesse que tudo tem sua hora, e que não podemos fazer tudo que queremos. Por isso, resolveu chamá-lo para uma conversa: - “Pedro, quando a gente morre, antes de ir para o céu, paramos em um lugar onde temos que contar tudo o que a gente apronta aqui na terra e só depois que a gente contar TUDO, Deus decidirá que podemos ir para o céu”. Aí o Pedro, desesperadamente gritou: - “PAAAI!!! COITADA DA DUDA!!!” . O pai, sem entender o raciocínio, perguntou o porquê e ele respondeu: - “ELA VAI FICAR LÁ PARA SEMPRE, PORQUE ELA NÃO TEM NADA PARA CONTAR!!!”.   
E aí? Está imaginando a cara com que o pai do Pedro ficou?? ...Eu também! (rs).